O projeto tem promovido a discussão de temas como a conjuntura política atual, encarceramento da população negra e racismo institucional
O Instituto Negra do Ceará – INEGRA é uma organização feminista, antirracista e anticapitalista, cujo projeto político é lutar contra o preconceito e a discriminação racial, de gênero e de classe, fortalecendo a construção afirmativa da identidade da mulher negra e propondo políticas públicas que contribuam para a promoção da igualdade de gênero, raça e classe. Criado há 19 anos, o INEGRA é filiado à Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) desde 2004.
Contempladas pelo Edital de Fortalecimento Interno da AMNB, no Eixo 3 – Formação Política, as mulheres do INEGRA vêm desenvolvendo o projeto “Tudo que nós tem é nós”: fortalecendo nosso coletivo ancestral político, que tem como objetivos: fortalecer as integrantes para a atuação política; desenvolver as habilidades das integrantes para atuação institucional; aprofundar e atualizar os temas que são fundamentais para a organização.
Desde o mês de março, o INEGRA tem realizado atividades de formação para debater temas como a conjuntura política atual, encarceramento da população negra e racismo institucional. Até o final do projeto, ainda serão realizadas oficinas de fala pública, escrita criativa e desenvolvimento de projetos, além de mais uma rodada de formação política com o tema “Mulheres do campo e da cidade”.
Para Rayane Vieira, ativista representante do INEGRA, as lutas e a organização política de mulheres negras ao longo da história foram fundamentais para quebrar as correntes materiais e simbólicas que violentam e oprimem o povo negro e são referência para a reflexão e produção de saberes para enfrentar as desigualdes diante do contexto político atual.
“A população negra brasileira tem enfrentado um governo de genocídio, desmonte de políticas públicas, implementação de uma política ultraneoliberal, avanço do conservadorismo, perda de direitos e retrocessos em diversos campos. Essa realidade se agravou ainda mais com a pandemia de Covid-19. Fazer o enfrentamento a isso tudo exige de nós estarmos juntas, organizadas, fazendo leitura dessa realidade, indo às ruas e resistindo”, explica Rayane.
Além das ativistas do INEGRA, mulheres de outras organizações filiadas à AMNB, da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, Rede de Mulheres Negras do Ceará, Coletivo Vozes e da Frente Estadual pelo Desencarceramento Ceará, têm participado dos debates e oficinas promovidos pelo projeto. Até o momento, cerca de 100 mulheres foram alcançadas.
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