Nota Pública da Articulação de Organizações de Mulheres Negras – AMNB

Essa é mais uma manifestação de indignação dentre as dezenas de
mulheres negras que reagiram e vem reagindo a uma afirmação descabida,
fora de lugar, subalternizada da Ministra de Direitos Humanos,
Desembargadora Luislinda Valois. As mulheres negras estão por sua própria
conta, portanto, não necessitam de interlocutora. Nossa voz é nossa força e a
senhora não pode usá-la em vão, muito menos para legitimar um falsário e
fazer o papel pior, que é de defendê-lo, numa conjuntura e numa situação
indefensável; portanto.

Nós, Mulheres da Articulação Nacional de Organizações de Mulheres Negras
Brasileiras ? AMNB, que marchamos em 2015 e seguimos em Marcha
Contra o Racismo, à Violência e Pelo Bem Viver, vimos a público repudiar a
fala da ?Ministra dos Direitos Humanos?, Desembargadora Luislinda Valois,
que em discurso designou Michel Temer o papel de ?O Padrinho das
Mulheres Negras?.

Informamos que esta Sra. não representa as Mulheres Negras Brasileiras, que
vivem suas vidas com altivez, dignidade e respeito, mesmo nas situações mais
adversas, ao contrário do deplorável espetáculo promovido no último dia 12
de abril de 2017, em cerimônia no Palácio do Planalto, Brasília ? DF, numa
postura de lamentável subserviência, servilismo e bajulação.
Nós não reconhecemos esse governo espúrio, usurpador, composto de
velhacos/velhacas, com alto grau de periculosidade para o conjunto da
população brasileira, em especial as mulheres e homens negros;
Esse governo de costas para a população e braços abertos para o
mercado financeiro e sua elite econômica, adepto da política neoliberal e
entreguista, que promove a perda dos direitos econômicos, sociais, culturais e
políticos da população, aprofunda as desigualdades sociais, privatiza as
nossas empresas publicas, promove o desemprego desenfreado, e diminui
salários;

Esse governo que congela os recursos da saúde e educação retirando
qualquer possibilidade de futuro para nós e nossos filhas e filhos;
Esse governo que quer impedir que nós , mulheres negras, possamos
acessar a proteção social para as nossas velhices, resultado de nosso
trabalho e do pagamento de nossos impostos, que é a nossa aposentadoria,
para privatizar a Previdência Social e enriquecer os empresários do setor de
previdência privada;

Esse governo que quer acabar, através da reforma trabalhista, com direitos
adquiridos constitucionalmente, promovendo a precarização do trabalho, para
enriquecimento dos empresários do setor;

O pranto da Sra. Desembargadora Luislinda Valois faria sentido se lamentasse
a perda de direitos e os corpos negros esparramados pelo chão, vitimas do
racismo e pela ação do Estado e seu aparato policial.
Mas seu choro, segundo suas palavras, expressa agradecimento ao ?grande
protetor? e revela indignidade, servilismo, rastejamento e subserviência
diante daquele que favorece o assassinato de mulheres negras que tombam
impunes em todo o país vitimas do racismo, do sexismo, do LGBTfobismo,
enfim, das violências raciais.

ESTAMOS HÁ SÉCULOS EM LUTA!
DESCOLONIZAMOS NOSSAS MENTES E CORPOS!
SEGUIMOS EM MARCHA PORQUE
NOSSOS PASSOS VÊM DE MUITO LONGE!
NÃO PACTUAMOS COM APADRINHAMENTOS POLITICOS NEM
COM CLIENTELISMO!
NÃO EM NOSSO NOME!
NÃO AO RACISMO, AO SEXISMO E A LGBTFOBIA!
NÃO A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER!

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