A noite do dia 14 de março terminou em horror e choque para todas e todos nós.
Marielle Franco, Vereadora da cidade Rio de Janeiro – a quinta mais votada da capital carioca, mulher negra ativista, mãe, filha, irmã, socióloga, mestre em Administração Pública, que defendeu sua dissertação intitulada – “UPP A Redução da Favela a Três Letras: Uma Análise da Política de Segurança Pública do Rio de Janeiro”.
Marielle Franco era defensora dos direitos da população negra e pobre das favelas, nomeada relatora da Comissão de Defesa de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, recentemente nomeada relatora na Comissão que acompanhará a Intervenção Federal no Rio, foi brutalmente assassinada, juntamente com o motorista Anderson Pedro, após sair de uma atividade chamada :Jovens Negras Movendo as Estruturas, realizada na Casa das Pretas na Lapa.
Nós mulheres negras, da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), manifestamos aqui nossa indignação e revolta com essa morte tão dolorosa para nós. Infelizmente uma perda como essa não é algo novo em nosso cotidiano uma vez que vivemos em pleno genocídio de tantos dos nossos – mães, pais, irmãos e irmãos, filhos e filhas – a cada dia e noite pela qual passamos, sendo essa morte resultado de um conjunto de tantas outras a qual a população negra vivencia.
Entendemos este assassinato como a materialização das práticas violentas utilizadas por um governo ilegítimo. Lemos a eliminação de ativistas como recurso para sua manutenção do poder e também prática de silenciamento e intimidação de vozes denunciantes da violação dos direitos. A certeza da impunidade caracteriza nossas mortes. O sumiço de Amarildo (2013), a impunidade da morte de Cláudia da Silva (2014), Luana Barbosa (2016), prisão de Rafael Braga (2013), e do jovem quilombola Jeferson André (2017).
Importante ressaltar que o 41º Batalhão denunciado por Marielle em 10 de março, última sexta feira, sobre a ação na Favela do Acari, foi o mesmo do qual partiu a bala que matou a jovem negra Maria Eduarda Alves dentro da escola onde estudava em 2017.
A cada voz silenciada outras cem se levantam! Marielle foi morta por ser uma mulher negra e de favela. Nós Negras exigimos justiça desde a investigação, que exista uma denúncia e que o processo ocorra com lisura.
Nós Mulheres Negras não fugimos a luta em qualquer contexto social e político que esteja em voga. Racistas e Machistas não passarão!
Que Olodumaré lhe receba irmã! Marielle, presente!