Cinco organizações foram eleitas para coordenar a Articulação durante os próximos 3 anos
Representantes das organizações da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) se reuniram em Salvador (BA) entre os dias 15 e 17 de novembro para uma Assembleia Geral com objetivo de analisar o contexto político do país, traçar um planejamento estratégico de ação e eleger novas organizações para compor a coordenação da Articulação.
O encontro começou com uma roda de apresentações das ativistas e suas respectivas organizações. Cada uma trouxe um objeto afetivo relacionado à Articulação que lhe representa para compartilhar com as demais.
Dando continuidade às atividades, foi realizada uma análise de conjuntura política, mediada por Valdecir Nascimento (Odara – Instituto da Mulher Negra), tendo como provocadoras Sarah Menezes (Instituto Negra do Ceará – Inegra e Rede de Mulheres Negras do Ceará) e Cida Bento (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT). Ambas falaram sobre o papel do movimento de mulheres negras durante os últimos anos, bem como as perspectivas de atuação diante do novo cenário que se apresenta após as eleições.
Sarah ressaltou a força e potência política transformadora das mulheres negras e suas organizações, ressaltando ainda que, mesmo diante da pandemia, essa característica se acentuou: “Nossa potência muitas vezes é desacreditada. Nós, mulheres negras, estivemos ativas durante toda a pandemia mobilizando nossas comunidades e dando suporte para as pessoas que precisavam. Foram as mulheres negras que viabilizaram essa eleição”, lembrou.
Cida Bento também comentou sobre a organização e participação política das mulheres negras frente à estrutura racista e patriarcal que ganhou força durante o último governo do Brasil. Ela destacou a importância de se organizar de forma coletiva para fazer enfrentamento e incidir politicamente, independente de quem esteja na presidência.
Cida afirmou ainda que é inegociável a presença das mulheres negras na reestruturação das instituições brasileiras durante o próximo governo. “Nós não podemos subestimar nossa força e nossa voz para mudar o rumo das coisas”, enfatizou.
Após o momento da análise, foram divididos GTs para discutir a atuação da AMNB no que diz respeito ao enfrentamento às violências; segurança alimentar e nutricional; fortalecimento político/institucional; autocuidado, proteção e segurança de defensoras de Direitos Humanos e justiça reprodutiva.
Durante o segundo dia da assembleia, as discussões articuladas nos GTs foram socializadas com todas as ativistas e serviram de base para a construção do planejamento estratégico de incidência política da AMNB para os próximos 5 anos.
Houve ainda a apresentação das novas organizações que passam a integrar a Articulação. No total, a AMNB agora é composta por 57 organizações, de mais de 20 estados brasileiros.
Eleição da nova coordenação da AMNB
A partir de tudo o que foi discutido, as ativistas partiram para a eleição das novas organizações que irão coordenar a Articulação durante os próximos 3 anos. Representantes de organizações das cinco regiões do Brasil se reuniram e escolheram as suas representações regionais para compor a coordenação.
IMENA – Instituto de Mulheres Negras do Amapá (Norte), Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa (Nordeste), Grupo de Mulheres Negras Malunga (Centro Oeste), Casa Laudelina Campos de Melo (Sudeste) e a MUNMVI – Ong de Mulheres Negras Professora Maura Martins Vicência (Sul) foram as organizações eleitas para assumir a coordenação da AMNB. O Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa será a organização à frente da secretaria executiva.
As organizações sucedem a gestão anterior, que era composta pelo Odara – Instituto da Mulher Negra (2016 – 2022), Imune – Instituto da Mulher Negra do Mato Grosso (2019 – 2022), Nzinga – Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte (2019 – 2022) e Rede de Mulheres Negras do Paraná (2019 – 2022). O Instituto Odara era responsável pela secretaria executiva da AMNB desde 2016.