Nós, da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), reunidas na luta por Reparação e Bem Viver, tornamos pública nossa solidariedade à professora doutora Maria Inês da Silva Barbosa, mulher negra, referência nacional na luta por equidade em saúde, que foi violentamente interrompida e expulsa da Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá, no último 30 de julho, pelo prefeito Abilio Brunini (PL-MT).
A atitude de Brunini, ao censurar a fala de Maria Inês por ela utilizar pronomes neutros em sua apresentação, é expressão de um projeto político autoritário, racista, sexista e antidemocrático que tem se espalhado por diversos espaços institucionais do país. Ao impedir que uma mulher negra, intelectual e militante, exercite sua liberdade de expressão e promova uma linguagem que acolhe a diversidade, o deputado reafirma sua trajetória marcada por negacionismos, ataques à ciência e flertes com o extremismo.
Estamos em um ano de Marcha Nacional. Estamos construindo, em cada canto do Brasil, um grande movimento de mulheres negras que se levantam contra todas as formas de opressão. E é por isso que não aceitaremos caladas mais um episódio de censura e violência política. Esse caso nos dá ainda mais força para colar com as mulheres negras, com a comunidade LGBTQIAPN+, com todes que lutam por dignidade, por liberdade e por Bem Viver.
A AMNB considera grave e inaceitável a atitude de Abilio Brunini, que atenta contra a liberdade de expressão, a diversidade e o caráter democrático das políticas públicas de saúde. O uso de pronomes neutros é um gesto de reconhecimento de existências que historicamente foram apagadas. É cuidado, é acolhimento, é política de vida.
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que tomará Brasília em 25 de novembro de 2025, leva em seu corpo coletivo vozes como a de Maria Inês, vozes que não aceitam mais o silêncio imposto por estruturas racistas e misóginas. Vamos seguir construindo essa grande marcha por justiça, liberdade e vida digna, unindo gerações e territórios em um só grito.
Seguimos aquilombadas, por todas, todos e todes que resistem.
Marchamos por Reparação Histórica, Justiça Racial e Bem Viver.
AMNB – Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras