A Estrutura de Responsabilidade Feminista, uma convergência de co-desenho de incidência feminista para o Fórum Geração Igualdade das Nações Unidas (GEF), está com inscrições abertas para realizar consultas com organizações e lideranças de mulheres e feministas da América Latina e Caribe, com foco especial para a situação das mulheres no Brasil e na Guatemala. As inscrições estão disponíveis AQUI e seguem abertas até dia 19, com dois encontros regionais marcados para os dias 20 de junho e 4 de julho, dois encontros exclusivos para organizações brasileiras nos dias 27 de junho e 3 de julho, e dois encontros exclusivos para organizações da Guatemala dias 28 e 30 de junho.
Co-desenhado por 22 organizações feministas da América Latina, África, Ásia-Pacífico e Caribe, com apoio da Global Fund for Women, a Estrutura de Responsabilidade Feminista busca fornecer um monitoramento aberto e transparente, com abordagem feminista, antirracista e decolonial, dos compromissos assumidos pelos países na estrutura do processo da Geração da Igualdade.
Em um documento vivo e coletivo, as organizações estabelecem um plano acionável para ajudar a mover a agenda do GEF e trazem a responsabilização como um princípio de esforços filantrópicos e de desenvolvimento para os grupos ainda à margem da justiça social e acesso aos Direitos universais.
Sete organizações da América Latina e Caribe encabeçam essa empreitada. Do Brasil: a Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), o Odara – Instituto da Mulher Negra (que neste processo assume a liderança brasileira de Dados), a ONG Criola e a Revista Afirmativa – Coletivo de Mídia Negra (que assume a liderança regional de comunicação). Da Costa Rica e Guatemala: ILDA – Iniciativa Latinoamericana por los Datos Abiertos (que assume a liderança guatemalense de Dados). Do Equador: Coletivo Mujeres de Asfalto. E assumindo a liderança regional de advocacy, a Red de Salud de las Mujeres Latinoamericanas y del Caribe (RSMLAC).
Para a coordenadora executiva do Instituto Odara, Naiara Leite, o projeto auxilia para que mulheres da sociedade civil organizada e dos movimentos feministas tenham uma voz e protagonismo para cobrar dos governos e das Nações Unidas, ações específicas e estratégicas para alcançar a igualdade de gênero ou reversão da violação de direitos humanos.
“É fundamental que a abordagem racial atravesse as ações pelos direitos das mulheres na América Latina”, afirma. Ela lembra ainda da importância das articulações entre as organizações de mulheres negras no sul global como estratégia de fortalecimento.
“Nós, do Brasil, que participamos deste processo de corresponsabilidade, cotidianamente pautamos a importância de priorizarmos o apoio às mulheres negras para superação das violências de gênero na região. E sem dúvida esta aliança entre as organizações de mulheres do sul global irá produzir um processo inovador de advocacy feminista”, diz Naiara.
Alane Reis, coordenadora da Revista Afirmativa, comenta que para as mulheres do Sul Global, pensar à plenitude dos Direitos Humanos, perpassa por compreendermos que a defesa dos direitos à informação, à comunicação e à tecnologia destas sujeitas é fundamental.
“A maioria das mulheres negras e pobres da América Latina não possuem sequer acesso à informação sobre seus direitos, ou quais são os mecanismos disponíveis para denúncia e apoio. Esta é uma condição que determina uma cadeia de violações de direitos humanos”, diz Alane Reis.
A jornalista e ativista ainda destaca a grande expectativa em torno das consultas regionais e nacionais a fim de engajar as mulheres negras dos diversos movimentos sociais a entenderem os mecanismos internacionais pela defesa dos direitos das mulheres. “Por isso convocamos todas as organizações de mulheres da região, especialmente do Brasil e da Guatemala, sobretudo negras e populares, a participarem desse processo de consulta e fazer ecoar a fala coletiva das mulheres da América Latina, para que sejamos ouvidas a nível global”.
Estrutura de Responsabilidade Feminista buscam estratégias visibilizar as mulheres e humanizar a coleta de dados
De acordo com Maria Inês, argentina, Consejera Directiva de la Red de Salud, a proposta do projeto é avaliar os avanços e desafios do processo de cumprimento dos compromissos assumidos no âmbito da igualdade de gênero. Além de tornar visível “a voz das mulheres que vivenciam diariamente os impactos de uma gestão patriarcal das políticas públicas a partir de seus territórios.” A ativista acredita que o projeto só tem a potencializar as articulações de mulheres.
“O Projeto pretende fortalecer as capacidades técnicas, políticas e de comunicação para a prestação de contas desses compromissos, a partir de uma abordagem feminista. Neste quadro, será favorecido o desenvolvimento de iniciativas nacionais, regionais e globais para monitorar os Compromissos, e serão promovidas ações específicas de incidência multinível documentada que nos conduzirão ao processo de revisão da Geração Igualdade previsto para 2026”, explica.
Ana Gabriel, da ILDA, ressalta o compromisso e crença no uso de dados para tomar melhores decisões e cocriar soluções. Para ela, que traz a perspectiva da Guatemala, levar um processo da teoria à ação é o caminho certo para impactar a vida de mais mulheres.
“Poder ter dados gerados diretamente a partir das experiências das mulheres, principalmente daquelas que foram historicamente excluídas, nos permite construir soluções e processos voltados para as pessoas com possibilidade de impactar positivamente o seu dia a dia”, completa.
O QUÊ: Consulta virtual com mulheres ativistas sobre o compromisso dos países da América Latina com o Fórum Geração Igualdade das Nações Unidas (GEF).
ONDE: Virtual, no Zoom, exclusivo para ativistas inscritas. Inscrições AQUI.
QUANDO: 20 de junho e 4 de julho (para toda a América Latina); 27 de junho e 3 de julho (para o Brasil); e 28 e 30 de junho (para a Guatemala).