AMNB repudia atitude de Zambelli e exige a cassação da deputada que acumula histórico de ações violentas e racistas
Na última segunda-feira (1º) a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) fez uma live em suas redes sociais onde reclamava sobre não poder falar na Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, que ocorre em Maceió. Durante o vídeo, Zambelli se queixou da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que preside a reunião e é, atualmente, Secretária da Mulher na Câmara dos Deputados. Em dado momento da live, Zambelli disse: “Não sei por que que não vou falar. Parece que já foi montada pela Secretaria da Mulher, que é a Chica da Silva”.
Chica da Silva foi uma mulher negra que nasceu escravizada e posteriormente foi alforriada. Viveu em Minas Gerais no século XVIII e ficou conhecida por se tornar uma das mulheres mais ricas do país.
Em nota, a assessoria da deputada apagou o post e publicou uma nota alegando que houve uma confusão com os nomes e que Zambelli havia se desculpado diretamente com Benedita em uma conversa “amigável”. Após o episódio de racismo, a bancada do PT na Câmara dos Deputados protocolou representações junto à procuradoria da casa legislativa e à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que as medidas cabíveis e legais sejam tomadas.
Mas não é a primeira vez que Zambelli vira notícia por conta de suas atitudes reprováveis e abertamente racistas. Em 2022, ela perseguiu a apontou uma arma para um jornalista negro durante manifestações pró Lula em São Paulo. Então não adianta alegar que se confundiu, apagar a publicação e pedir desculpas “amigavelmente”, porque não existe amizade com racista. Existe denúncia, processo e cassação de mandato. Não há confusão alguma, há a mais pura expressão de racismo que atinge a população negra independentemente da posição que ocupe na sociedade brasileira.
Benedita é uma mulher negra com uma trajetória política exemplar, que sempre ecoou as nossas vozes no combate ao racismo e em defesa dos direitos das mulheres negras. Foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de vereadora do Rio de Janeiro, deputada na Assembleia Constituinte de 1988, senadora e governadora do Rio de Janeiro, abrindo os caminhos para que muitas outras pudessem ingressar na vida pública e ocupar cargos político-partidários.
No Brasil, se criou um modo de lidar com o racismo no qual a ofensa em ser chamado de racista parece um absurdo maior que o racismo sofrido pela vítima. Mas não vamos temer ou medir palavras para dar o nome e denunciar que CARLA ZAMBELLI É RACISTA E PRECISA PAGAR POR SEUS CRIMES.
Nós, da Articulação de Organização de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), repudiamos veementemente a fala racista de Zambelli e exigimos que a atitude seja criminalizada. Não vamos aceitar que um ato de racismo explícito transmitido abertamente para milhares de brasileiros por uma parlamentar – eleita e paga pelo povo – seja tratado como um mero mal entendido.