Mais de 500 atividades serão realizadas em 23 estados e no Distrito Federal. Ações também expandem fronteiras e chegam ao Uruguai e a Argentina
Nesta segunda-feira (1º) inicia-se oficialmente o 12º Julho das Pretas – Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver, com o lançamento da Agenda Coletiva do Julho e um novo recorde de atividades, representando a força da luta contínua dos Movimentos de Mulheres Negras. São 533 atividades, realizadas por mais de 250 entidades, em 23 estados e no Distrito Federal. Esta mobilização não se limita às fronteiras nacionais, estendendo-se também ao Uruguai e à Argentina, além de ocorrer em diferentes modalidades e espaços, convocando todos os setores da sociedade para se engajarem na luta de enfrentamento ao racismo e sexismo.
Repetindo o tema de 2023, o Julho das Pretas deste ano tem como foco a mobilização para a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, a 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, que acontecerá em novembro de 2025 com 1 milhão de mulheres em Brasília.
O Julho das Pretas, bem como a construção da Marcha, vem sendo puxados pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, a Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira e por centenas de outras organizações de mulheres negras, ou comprometidas com a luta pelo fim do racismo. A ação foi criada em 2013 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra e celebra o 25 de Julho – Dia da Mulher Negra Afrolatinoamericana e Afrocaribenha.
Ao longo de todo mês, a agenda do Julho das Pretas contempla as mais diversas ações, entre encontros, seminários, formações, oficinas, atos, manifestações e debates públicos, que refletem a força e organização política do Movimento de Mulheres Negras na busca por justiça, igualdade racial e de gênero e transformação social.
Reparação e Bem Viver
Articulando o enfrentamento às violências que estruturam o Brasil através da história, o mote do Julho das Pretas convida a sociedade brasileira a refletir os impactos de quase 400 anos de escravidão, e as injustiças que este sistema gerou e ainda gera. O debate sobre Reparação vem se popularizando em todo o mundo, fala sobre distribuição das riquezas geradas a partir da exploração da mão de obra negra, mas vai além de compensações financeiras, ela exige mudanças estruturais que enfrentem a desigualdade racial nas esferas da educação, emprego, nutrição, saúde, afetividade, religião e moradia. Implica no reconhecimento e valorização da cultura e identidade negra, no cuidado e ampliação da Memória das opressões coloniais. Além de promover a equidade de oportunidades, assegurando que as futuras gerações possam crescer sem as barreiras impostas pelo racismo.
O tema também aciona o paradigma do Bem Viver – pactuado pelo Movimento de Mulheres Negras na Carta da Marcha contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver de 2015 -, que rejeita o modelo desenvolvimentista violento do capitalismo e propõe uma outra dinâmica política, através da superação do racismo, do sexismo, da LGBTQIA+fobia e de todas as formas de discriminação. É uma agenda que visa a efetivação da justiça social, onde todos possam coexistir com respeito e dignidade, em convivência harmoniosa com a natureza e o meio ambiente.
Julho das Pretas nas Escolas do Nordeste
Em 2019, como forma de sensibilizar profissionais da educação para a importância da formação sobre relações raciais e de gênero nas escolas de ensino básico na Bahia, o Instituto Odara criou o Julho das Pretas nas Escolas, e desde então já mobilizou centenas de escolas no estado. Este ano, o Julho das Pretas nas Escolas conta com uma agenda específica, com 151 atividades, em centros de ensino nos nove estados da Região Nordeste.
Para mais informações, acompanhe as atividades do Julho das Pretas pelo Instagram @julho_das_pretas.
Confira a agenda completa da edição!